(Araucaria) Migração para do AM para o FM, a quem interessa?
Claudio Albert - PY3OZ
claudiopy3oz em gmail.com
Sexta Outubro 2 15:03:28 BRT 2015
Boa tarde KJ. Este texto está ligado diretamente a minha profissão então:
Em primeiro lugar: É fácil entender o porquê da migração para o FM. As emissoras de Rádio em OM sofrem do mesmo problema que nós Radioamadores, ruido. Pergunte a sua família, amigos e especialmente os jovens quais deles ouvem Rádio AM. E todos nós sabemos quanto tempo faz que o nível de ruído nos centros Urbanos aumentou. Um pequeno exemplo: Rádio Gaúcha AM 600KHZ. Há alguns anos era ouvida em qualquer receptor vagabundo a 300km de distância. Hoje a mesma Rádio Gaúcha, exatamente A MESMA, tudo igual, não é mais ouvida na mesma distância porque o ruído supera o sinal. Simples de entender. Diga-se de passagem que essa mesma emissora, bem como tantas outras grandes empresas, em função de seu poderio, já têm uma Rádio FM apenas repetindo a programação da OM para livrarem-se do Ruído e da qualidade inferior do AM.
A faixa de OM está presente nos celulares? Não. FM está? Sim.
Agora veja as emissoras de menor potência, interior do estado. Devido a propagação, a noite, por regra, elas devem reduzir a potência, algumas de 10 para 1KW, outras 500W e outras 250W. A noite essas emissoras não conseguem abranger mais que 20 as vezes 15Km.
E isso faz tempo. Há vários anos as emissoras de Rádio OM do interior sofrem com isso e enquanto o governo não decide a respeito da digitalização, a melhor solução para este agonizante sistema analógico AM é este. Migrar para o VHF FM 88-108MHZ.
Respondendo a pergunta inicial do texto: Isso interessa às famílias dos Radiodifusores dos interiores dos estados que estão sufocados a muito tempo por causa do aumento do ruído. Para que eles e suas famílias possam voltar a respirar. A essas pessoas interessa.
Com relação ao "valor que os radiodifusores consideram exorbitante para a migração", uma das principais pautas deste ano para a ABERT e a AGERT é saber esse valor. Não estamos sabendo que o governo já divulgou o valor. Estamos ansiosos para saber qual é ele. ???????????????????
Att
Claudio Albert Gonçalves Zappe
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Claudio - PY3OZ
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From: PY2KJ.ARTUR em GMAIL.COM
Sent: Thursday, October 01, 2015 12:02 PM
To: araucaria em araucariadx.com
Subject: (Araucaria) Migração para do AM para o FM, a quem interessa?
Olá amigos ! Espalhem e assinem o texto !
73,s
ART - PY2KJ
"Migração para do AM para o FM, a quem interessa?
No dia 7 de novembro de 2013, foi assinado pela presidenta Dilma o
Decreto 8.139, que trata sobre a extinção do serviço de radiodifusão
sonora em ondas médias de caráter local. Este decreto permite que as
emissoras AM (ondas médias) possam migrar para o FM (VHF) mediante
pagamento de um valor de adaptação de outorga, tido como exorbitante
especificamente para emissoras AM locais. Caso as mesmas, optem por não
migrar para o FM, deverão requisitar o reenquadramento da outorga para
caráter regional, com maior potência, caso contrário a outorga não será
renovada. Emissoras de maior potência (regionais ou nacionais) também
podem solicitar a migração para FM.
A faixa de AM está compreendida entre 540 kHz e 1610 kHz, na faixa de
Ondas Medias, e possui características de propagação muito
interessantes, permitindo que uma emissora consiga transmitir seu sinal
através de regiões com topografia acidentada, pois a emissão tende a
acompanhar o perfil do terreno. No período noturno um sinal em OM é
refletido pela ionosfera, permitindo que uma emissora possa ter alcance
de centenas de quilômetros de raio.
A faixa de FM está compreendida entre 88 MHz e 108 MHz, na faixa de
VHF. Sua principal característica é a direcionalidade, que pode ser bom,
ou pode mesmo prejudicar, pois essa faixa de frequência se propaga de
forma análoga à luz, sempre em linha reta, sendo bloqueada ou refletida
por obstáculos naturais e artificiais, como montanhas, edifícios,
grandes construções, etc. Seu comportamento não varia significantemente
de dia ou de noite.
Com o uso do padrão de rádio digital, Digital Radio Mondiale (DRM) é
possível a digitalização de todas as bandas do rádio, tornando
totalmente desnecessária essa migração.
No contexto do Decreto 8.139, uma emissora OM que opte por não migrar
para o FM, poderia passar a transmitir em digital utilizando o padrão
DRM, transmitindo no modo simulcast (simultâneo) AM/DRM, que mantém o AM
analógico inalterado, preservando o parque de antenas e a maioria dos
equipamentos. O sinal DRM no modo simulcast é posicionado em um único
canal adjacente ao sinal AM.
Muitas emissoras em AM que usam transmissores como Nautel ou BT, por
exemplo, já estão prontas para o DRM. Na Índia as emissoras em Ondas
Médias já estão transmitindo em simulcast AM/DRM, e receptores
compatíveis com DRM já estão sendo feitos nacionalmente. Atualmente são
mais de oitocentos milhões de habitantes na Índia cobertos com sinal de
emissoras transmitindo na faixa de AM (Ondas médias) em DRM.
Uma estação de rádio em Ondas Médias (AM) transmitindo em DRM tem seu
áudio com qualidade superior ao de uma emissora FM analógica. Além
disso, o rádio digital permite a multiprogramação, áudio 5.1, recursos
como envio de textos e imagens, conteúdos multimídia, alerta de
emergência (EWF) e outros serviços, como aplicações interativas para o
GINGA, que é a plataforma de interatividade presente na TV Digital, e
também já definida para ser utilizada com o DRM.
Enquanto alguns países já estão desligando o FM analógico, o Brasil
está indo na contramão da evolução tecnológica, propondo a migração de
um sistema analógico em Ondas Médias (AM), para um sistema igualmente
analógico em VHF (FM) e com mais um agravante: o espectro da FM em VHF
nos grandes centros está lotado. Por que não evoluir o sistema de AM, do
analógico para digital, a um custo muito menor, preservando uma grande
parte dos equipamentos hoje existentes e transmitindo um áudio de
excelente qualidade, e ainda com um consumo de energia muito menor?
Por que não repetir o sucesso do Sistema de TV Digital Brasileira, que
já está sendo adotado por vários países?
Outro ponto muito importante que não podemos omitir é que muitas
emissoras em Ondas Médias (AM), têm um caráter local, atendendo muitas
comunidades compostas por grupos minoritários. Sua migração para VHF
(FM) ou um eventual aumento de potência, para se tornarem regionais,
será econômica e tecnicamente inviável para locais de topografia
complexa. Portanto, aplicado o decreto vigente em seu formato atual,
muitas comunidades ficarão “no escuro”. Assim, propõe-se que as rádios
locais em Ondas Médias que desejarem manter sua abrangência, deverão
fazê-lo no modelo simulcast AM/DRM.
No entanto, teria sido muito mais interessante do ponto de vista
tecnológico, para as emissoras que realmente desejem migrar para a faixa
de FM (VHF), que migrassem já em DRM. Aí sim teríamos uma evolução
tecnológica no sistema de rádio brasileiro.
É urgente a decisão de qual será o modelo de referência do Sistema
Brasileiro de Radio Digital para que a agonizante indústria de
transmissores e receptores nacionais possa colocar equipamentos digitais
no mercado e volte a vender.
A melhor opção para o sistema brasileiro de rádio digital é o DRM, pois
em termos técnicos é o único sistema que atende todas as faixas de
frequência, (OM, OT, OC, e VHF) e em termos de modelo de negócio, é o
único com código aberto, sem necessidades de licenças para
desenvolvimento de transmissores e receptores pela indústria nacional.
Também é possível sua implantação pelas rádios comunitárias, pois o DRM
funciona em baixa, média e alta potência. A economia de energia elétrica
é relevante, sendo possível cobrir a mesma área com menos da metade de
consumo de energia.
O DRM foi desenvolvido por um consórcio de organizações públicas de
radiodifusão, empresas privadas ligadas ao setor de transmissão e
recepção, universidades, centros de pesquisas, dentre outros órgãos e
instituições. O DRM é um padrão totalmente aberto, sendo que todas as
normas estão disponíveis na Internet, assim como o ISDB-Tb (utilizado na
TV Digital Brasileira).
Além disso, o codificador de áudio do DRM, é o mesmo da TV Digital, o
MPEG4 AAC. O middleware GINGA, plataforma para interatividade que foi a
contribuição brasileira ao Sistema Brasileiro de TV Digital, já possui
suporte feito pela PUC-Rio para ser utilizado no DRM.
O outro sistema que está sendo considerado para adoção pelo país é o HD
Radio (HD significa Hybrid Digital), desenvolvido e de propriedade da
empresa norte-americana Ibiquity. Por ser um sistema proprietário e
fechado, todos os seus códigos de funcionamento são segredos industriais
conhecidos apenas pelos seus proprietários. Entre suas características
conhecidas estão as seguintes:
* Ocupa o dobro da largura de banda do DRM, sem prover uma taxa de
transmissão superior. O HD Radio, sendo um padrão híbrido, concebido
para permanecer junto ao sinal analógico, não permitirá um futuro apagão
do analógico de forma a permitir a otimização do espectro.
* Apesar de funcionar em OM e VHF, as emissoras o utilizam o HD Radio
em OM nos Estados Unidos estão desligando o sinal digital, por ter uma
performance muito ruim. Atualmente, são mais as emissoras abandonando o
HD Radio do que aquelas que estão o adotando como padrão.
* Grande parte do HD Radio é segredo industrial, incluindo o
codificador de áudio, conhecido como HDC assim como os protocolos para
transmissão de conteúdo multimídia e outros serviços digitais.
* O HD Radio, diferentemente de qualquer outro padrão da ITU (União
Internacional de Telecomunicações), para radiodifusão, cobra licença de
uso do sistema. No momento que a emissora entra no ar uma taxa de
milhares de dólares é paga, e anualmente as emissoras devem pagam para a
Ibiquity uma taxa de uso.
* O HD Radio possui poucos modos de configuração, sendo um sistema
engessado, no qual somente uma empresa controla seu desenvolvimento.
Essa empresa é a norte-americana Ibiquity Digital.
As diretrizes do rádio digital no Brasil são dadas pela Portaria nº
290/2010 do Ministério das Comunicações, que indica claramente que o
único padrão passível de adoção no Brasil é o Digital Radio Mondiale,
visto que o HD Radio contraria vários parágrafos da portaria.
O Art. 3º da Portaria 290/2010 de 30 de março de 2010, que norteia a
digitalização do rádio no Brasil, diz:
I- promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a
língua pátria por meio do acesso à tecnologia digital, visando à
democratização da informação;
* DRM: Funciona em Ondas Curtas, essencial para as regiões distantes
dos grandes centros, como forma de integração nacional. Fácil instalação
e sem a necessidade de infraestruturas complexas. Apenas um pedaço de
fio e já é possível ouvir uma estação de rádio. Também as rádios
comunitárias se beneficiariam com a adoção do DRM, pois esse sistema tem
um ótimo desempenho em baixa potência, o que não ocorre com o HD radio.
Pode se transmitir até 4 programas muna mesma frequência, opção muito
interessante para a otimização do espectro de radiofrequência. ATENDE.
* HD Radio: Não promove a integração nacional pois não funciona em
ondas curtas, ficando restrito aos grandes centros. Não funciona com
potências baixas. NÃO ATENDE.
IV- propiciar a transferência de tecnologia para a indústria brasileira
de transmissores e receptores, garantida, onde couber, a isenção de
royalties;
* DRM: Por ser um sistema aberto, com todos os padrões e normas
divulgadas publicamente (internet), pode ser utilizado por qualquer um,
sem a necessidade de pagamento de licenças. ATENDE.
* HD Radio: Sistema proprietário com tecnologia fechada. Não haverá
acesso à tecnologia e se houver, será restrita e limitada. É uma “Caixa
Preta”. Há necessidade de pagamento de licenças para transmissores e
receptores, onerando a fabricação dos mesmos Para a emissora que
adotá-lo, existe a necessidade de pagamento de taxas para o seu uso,
taxas essas que aumentam de acordo com os recursos implementados. NÃO
ATENDE.
V- possibilitar a participação de instituições brasileiras de ensino e
pesquisa no ajuste e melhoria do sistema de acordo com a necessidade do
País;
* DRM: Sistema aberto, padronizado por normas internacionais,
possibilita seu aprimoramento por pesquisadores e desenvolvedores. Um
exemplo é a contribuição brasileira, com a inclusão da interatividade
através do GINGA. ATENDE.
* HD Radio: Não há abertura de sua tecnologia e portanto não acessível
aos pesquisadores. Nada poderá ser acrescentado ao sistema. NÃO ATENDE.
VI- incentivar a indústria regional e local na produção de instrumentos
e serviços digitais;
* DRM: Isenção de taxas de utilização. Menor custo para toda a cadeia,
desde transmissores até os receptores e emissoras, barateando toda a
cadeia produtiva. ATENDE.
* HD Radio: Maior custo para pagamento das licenças de uso e manutenção
das emissoras. Quanto mais recursos implementados, mais taxas deverão
ser pagas. NÃO ATENDE.
VIII- proporcionar a utilização eficiente do espectro de
radiofrequência;
* DRM: Canal único digital, que ocupa o mesmo espaço de um sinal
analógico, podendo transmitir até quatro programas distintos. ATENDE.
* HD Radio: Utiliza 2 portadoras laterais digitais, além da analógica
central, ocupando desta forma o espaço de 3 canais. Dificuldade em
equilibrar interferências entre os sinais digital e analógico. Não
funciona sem o sinal analógico, ou seja, nunca poderá ser Full Digital.
Sempre dependerá da portadora analógica. O “delay” entre o sinal
analógico e digital é grande, incomodando o ouvinte. NÃO ATENDE.
XI- propiciar vários modos de configuração considerando as
particularidades de propagação do sinal em cada região brasileira;
* DRM: Por permitir diversos modos de transmissão, pode funcionar em
Ondas Médias, Ondas Tropicais, Ondas Curtas, e VHF, podendo ser
configurado, de forma a adequar a transmissão de acordo com a
necessidades da área a ser atendida. ATENDE.
* HD Radio: É um sistema “engessado” não possibilitando mudanças nos
seus modos de transmissão. Performance insuficiente em Ondas Médias e
inexistente em OT, e OC. NÃO ATENDE.
O Rádio no Brasil sofre com a queda contínua de investimentos, de
audiência, de produção industrial e de políticas públicas coerentes. O
decreto 8139, que trata da migração de AM para FM direciona o setor para
o passado e para a falência.
Todo o setor de radiodifusão necessita urgentemente que o modelo de
referência do Sistema Brasileiro de Rádio Digital (SBRD) seja definido o
mais breve possível pelo governo, principalmente no sentido de dar
opções sólidas e tecnicamente viáveis para as emissoras em Ondas Médias,
Ondas Tropicais, Ondas Curtas e VHF (FM), nesse momento difícil da
economia. Essas ações permitirão que a indústria brasileira possa
desenvolver e colocar no mercado produtos 100% nacionais e para que a
sociedade possa desfrutar de um maior conforto e conveniência desse
importantíssimo meio de comunicação que é o rádio, mantendo-se em
sintonia com a convergência digital dos meios, sem abandonar a autonomia
que radiodifusão pelo ar proporciona, já que não utiliza internet ou
meios cabeados para a sua propagação. Trata-se, portanto, de um meio de
baixo custo e de contato direto entre o gerador de conteúdo e o ouvinte,
sem intermediários e sem infraestrutura complexa. Eis o rádio, seja ele
movido a pilhas, automotivo, ou de mesa.
Diante do imenso potencial que a digitalização do rádio oferece para
difusores, sociedade e governos implementarem em uma nova geração de
conteúdos e serviços, esperamos que o Estado brasileiro, assim como na
TV Digital, invista em pesquisas e políticas que conduzam o rádio
brasileiro para o futuro, e não para o passado e estagnação.
Assinam esse texto:
Ariovaldo José Dias Lobrito (Técnico em radiodifusão)
Ataliba Zandomenego Filho (Radioamador e Graduando Eng.
Elétrica-Telemática)
Cláudio del Bianco (Radioamador, Tecnólogo e Analista de Sistemas)
Daniel de Andrade Antoniazzi (Engenheiro Eletricista, Valeo Sistemas
Automotivos)
Doriedson Alves de Almeida (Prof. Dr, CFI - UFOPA)
Fabianne Batista Balvedi (Prof.a Msc., Arquiteta e Cientista
Audiovisual, PUCPR / UDESC)
Francisco Antunes Caminati (Prof. Dr., Sociólogo, UNESP)
Hudson Flávio Meneses Lacerda (Dr., Escola de Música da Universidade do
Estado de Minas Gerais - Esmu/UEMG)
Julibio David Ardigo (Prof. Dr., Eng. Eletricista, Universidade do
Estado de Santa Catarina)
João Eduardo Ferreira da Silva Filho (Economista, Diretor MTA /
Digicast Eletrônica)
Lucio Haeser (Jornalista)
Marcelo Akira Inuzuka (Prof. Msc., Assistente do Instituto de
Informática da UFG)
Marcelo Goedert (Msc., Jornalista, Diretor Audio Fidelity Produções)
Marcelo Parada (Prof. Msc., Eng. Eletricista, FEI)
Marcelo Saldanha - Instituto Bem Estar Brasil
Nils Brock (Prof. Dr., Jornalista e cientista político, Freie
Universität Berlin)
Paulo Henrique Lima (Prof. Curso de Jornalismo IESPES / Projeto Saúde &
Alegria)
Paulo José O. M. Lara (Msc., Sociólogo e Cientista Político, UNICAMP /
Goldsmiths College - London)
Plataforma DRM-Brasil
Rafael Diniz (Msc., Lab. Telemídia / PUC-Rio)
Thiago Novaes (Msc., Cientista Político, UNICAMP)
Para assinar esse texto, colocar os dados em:
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