(Araucaria) Tema polêmico e SWL report from Sweden

Leonardo pp1cz em terra.com.br
Sexta Maio 31 11:37:05 BRT 2013


Bom dia Flávio e amigos.
Ainda dentro deste tema que tanto mexe com as várias correntes de opinião,
acabei formando, com os anos de observação do radioamadorismo e,
principalmente por habitar um Estado em que poucos são os radioamadores
ativos, e menos ainda aqueles que, a meu exemplo, gostam de DX; um
pensamento que talvez esteja equivocado, mas que me dou o direito de
continuar pensando assim.

A meu ver, o que aprimorará os radioamadores brasileiros não serão as
exigências nas provas. Também facilitá-las no acesso ao Serviço de
Radioamador, ou na mudança de Classes, nada trará de benefícios à nossa
atividade. Seria nivelar por baixo, aí perdemos todos.

O aprimoramento em todas as atividades, seja no radioamadorismo, seja na
vida profissional, é o querer individual. 
Bom, mas não basta querer. 
O radioamador tem que encontrar terreno fértil, para fazer germinar esta
semente. 
E como criar este ambiente em que haja o aprimoramento de nossa classe?
Somente com a união, o fomento e a troca de informações.

Estes ambientes são conseguidos quando há uma reunião de um punhado de
radioamadores em torno de uma disciplina de gosto comum.

A Fenarcom é um exemplo.
Os clubes ativos, outro.

Os Encontros do Araucária DX Group, se me permitem, é o exemplo mais bem
acabado de como se fomentar uma atividade que é, se não o sustentáculo do
radioamadorismo, ao menos uma das mais importantes, que é o DX e o
radioamadorismo de competição.

No ano de 2011 tive o prazer de estar neste Encontro, exemplarmente
organizado pelos nossos irmãos gaúchos, em Porto Alegre.
Lá, no Encontro do Araucária ocorreu o CTU - Contest University.
Tivemos oportunidade de receber alguns das maiores autoridades do mundo em
Contestes (que acaba também beneficiando o DX e mesmo qualquer modalidade de
contato). 
Nas palestras, ministradas por alguns dos melhores contesteiros do mundo,
pudemos aprender desde a ergonomia de uma estação, até o planejamento, o pré
Conteste, o pós Conteste, as dicas importantes de horários de propagação,
antenas, e uma infinidade de informações que quem pôde estar presente saiu
de lá mais conhecedor (e cheio de ideias e ideais, o que é excelente).

Hoje temos entre nós vários campeões mundiais em Contestes internacionais, e
somos detentores de alguns recordes mundiais em pontuação. 
Como conseguimos isto?
Será que foi através da iniciativa isolada de um radioamador ou com a soma
das experiências, muita doação de si e de valores em cifras, para que
alcançassemos este estágio?

A Fenarcom, que ainda não tive o prazer de conhecer, e que já faz parte do
calendário do radioamadorismo brasileiro, será uma grande alavanca em nossa
atividade.

Somente quando juntamos os radioamadores interessados em determinado
assunto, é que podemos trocar experiências, informações, que aprenderemos, e
poderemos crescer.

Não podemos nivelar nossas provas para criar facilitadores e ver deteriorar
o nível dos radioamadores, tampouco exigir barreiras que sejam
intransponíveis àqueles que já conhecem bastante de nossa atividade para
figurar em Classes mais avançadas, mas continuo pensando que somente da
união de interesses comuns, da troca de experiência, dos cursos e encontros
em que possamos debater os mais diversos assuntos de nosso hobby e o
aprimoramento de nossos pares, é que teremos a evolução do radioamadorismo
brasileiro.
Tiro este meu pensamento não apenas do que já presenciei nestes anos de
radioamadorismo, por experiências próprias, mas principalmente por observar
o que ocorre nos Países em que o radioamadorismo já alcançou níveis muito
superiores ao nosso. 

Derivando de movimentos voluntários, da vontade de estar juntos, de
aprender, de empreender, é que seguiremos melhorando.

Como cidadão, me indigno a cada dia com o sistema de cotas que esta triste
história recente de nosso País nos impinge a todos, uma linda raça
miscigenada, um caleidoscópio de cores, de pensamentos e de gostos, e que
acaba por nos separar pela cor ou pelo poder aquisitivo, criando castas
quando deveria criar inclusão de forma mais abrangente e inteligente, e não
sendo um pseudo Robin Hood socialista às avessas.
Esta atual sanha de facilitação no radioamadorismo me assusta, francamente.

Devagar com o andor que o Santo é de barro!

73 de PP1CZ - Leo.


-----Mensagem original-----
De: araucaria-bounces em araucariadx.com
[mailto:araucaria-bounces em araucariadx.com] Em nome de PY2ZX
Enviada em: quinta-feira, 30 de maio de 2013 15:04
Para: Grupo Araucaria de Radioamadorismo
Cc: João Gonçalves Costa; Lista QRP-BR
Assunto: Re: (Araucaria) Tema polêmico e SWL report from Sweden

Olá Leonardo,

A questão não deveria ser criar facilidades ou dificuldades, mas como
procurar melhorar a qualidade do radioamadorismo diante de um contexto
nacional de péssima instrução básica, reforçando os princípios que
distinguem o radioamadorismo de outros serviços.

Interessante que estes conceitos já foram balizados, embora em linhas
gerais. Na nossa própria Resolução 449 há o preâmbulo que segue as
orientações da UIT:

"O Serviço de Radioamador é o serviço de telecomunicações de interesse
restrito, destinado ao treinamento próprio, intercomunicação e
investigações técnicas, levadas a efeito por amadores, devidamente
autorizados, interessados na radiotécnica unicamente a título pessoal e
que não visem qualquer objetivo pecuniário ou comercial"

Destaque ao "investigações técnicas" e "radiotécnica", característica
fundamental do radioamadorismo.

Conforme bem lembrou o Edson PY2SDR, a UIT recomendou temas a serem
exigidos em prova teórica para os radioamadores na ITU-R M.1544.

Conforme o João CT1FBF elencou, países com quesitos de ingresso e
promoção semelhantes podem até mesmo obter reconhecimento mútuo de
licenças com todos os países da CEPT.

O ideal seria a LABRE, no momento que houver a revisão de norma, tivesse
um grupo (voluntários?) que pesquisasse como ocorrem as provas em
diversos países, quais são as disciplinas, as perguntas, quais as notas
de corte, como e quem aplica as provas, quem paga o deslocamento de
examinadores, se há convênios entre as administrações nacionais e as
ligas, se há publicações para estudos, cursos, etc.

Essas deveriam ser as nossas referências, e não apenas se retirar um
quesito baseado em premissas questionáveis, sem objetivar a melhoria na
qualidade do radioamadorismo.

E que e-mail SENSACIONAL este do Ullmar!!! HI! 73!

Flávio PY2ZX
--

Boa noite amigos.

Tenho lido durantes estes últimos três dias a respeito das considerações
sobre a reivindicação da Labre/RJ da eliminação da exigência de prática
de CW nas provas para radioamadores brasileiros.

Me repito: sou a favor que se retire esta prova de acesso.

Acho uma exigência que obstacula muitos radioamadores que, sabidamente,
são expert em vários aspectos de nossa atividade, mas que não conseguem
por motivos particulares, e respeitáveis, de cada um, aprender CW.

Apenas estranhei a forma como os representantes da Labre/RJ abordam o
tema, a as justificativas infundadas para fazê-lo.

Não vejo a retirada do exame de CW como mais um facilitador de pessoas
imediatistas e que hoje em nosso País querem o peixe, e não aprender à
pescá-lo (como deveria ensinar-lhes o Governo).

Por outro lado, vejo com reservas se as provas de radioeletricidade
forem mais severas.

Hoje a maioria dos equipamentos prontos, de transceptores à antenas, são
facilmente encontrados.

A enorme facilidade de encontrar, comprar e receber em casa estes
equipamentos, cria menor demanda de conhecimento deste tema (assim penso).

Temo que o arrocho nas provas de radioeletricidade crie, aí sim, uma
barreira para aqueles que não possuem esta destreza.

Acho francamente que um médico, advogado, auxiliar administrativo, ou
qualquer profissão que nenhuma relação tenha com um ferro de solda, um
resistor ou um transistor, encontre grande dificuldade em aprender esta
disciplina, ainda mais se ele se a prova se tornar mais severa.

Embora seja a favor da extinção das provas de CW, quase afirmo que será
mais fácil um profissional que não um técnico em elétrica ou eletrônica,
aprender CW do que radioeletricidade, seja pelos cálculos que tenha que
fazer, seja pelo vasto conhecimento em outra disciplina que não a que se
milita, ou mesmo pelo fato de CW ser uma matéria estanque, enquanto
Radioeletricidade ter material quase inesgotável, tamanhas evoluções que
vemos a cada dia.

Criar uma facilidade e uma dificuldade em seguida não será mais do mesmo?

Não acho que devamos nivelar por baixo o radioamadorismo, tampouco
elitizá-lo, mas sim cercarmo-nos de cuidados ante uma decisão que
influirá definitiva e profundamente em nossa classe.

Mudando de assunto contudo ainda dentro do tema em tela, tomo a
liberdade de repassar aos amigos, um e-mail que troquei ontem e hoje com
um amigo Radioescuta da Suécia (terra do nosso amigo Thomas), o Ullmar,
em que ele relata que gosta de escutar CW de vários radioamadores de
Países diferentes, de cadências diferentes, e com diferentes manipuladores.

Vejam que bacana o que me diz o Ullmar sobre estas questões.

Tamanho é seu conhecimento, que consegue se deliciar com as diferenças
na forma de manipulação de cada cultura.

Até nisto há diferenças entre as nacionalidades, o que é um exemplo
maravilhoso da pluralidade que temos no mundo.

Que grande sujeito deve ser o Ullmar.

O e-mail do Ullmar é um grande incentivo para que as pessoas se
interessem por aprender CW. Vejam o que podem estar perdendo.

73 from PP1CZ - Leo.

De: Ullmar Qvick [mailto:veriori2000 em yahoo.se]
Enviada em: quarta-feira, 29 de maio de 2013 08:18
Para: Leonardo
Assunto: SV: RES: SWL report from Sweden

My dear Leo:
This is just to thank you for taking time to write this very nice reply
to my SWL report. I am happy and feel honoured that also many very
active radio amateurs write to me, sometimes there is something about
antennas, propagation or other specific matters, but often also a
personal greeting.

No problem that the QSL matter will take time, I know about the
situation in Brazil. Very good of you to send out to different QSL
bureaus, but of course a lot of extra work on your side.

Leo, I remember the old days, back in the 1960'ies when I was listening
to Medium Wave broadcasting stations instead of amateur radio. I heard
many Brazilian stations, and I got some excellent QSLs which are still
in my collection. The best one no doubt was a daytime 250 watt station,
Radio Iracema de Iguatú, which was surely identified only with a big US
handbook, and which was operating on extended schedule that night due to
a football match. I got some good details and my report was confirmed,
the first ever received from Europe. The Director wrote: "When we
announced having received your report in a transmission, many people
came to our station to see the letter, believing it was a joke! In fact
reception is not too good in the outskirts of Iguatú..."
This is in fact a valued QSL for an extraordinary reception.
But these days my only passion in radio is CW on the ham bands. CW is a
language of its own, I never get tired of hearing the different styles,
the straight keys, the Vibroplex bugs, the electronic keys of different
types... I love to hear the individual differences, I can even see a
national pattern in many cases: Russia with its energetic CW style,
Germany with its correctness, Japan with fine behaviour in traffic....
France often with a bohemic style, the British with a "leaning back"
style, just like their handwriting etc. etc.
This will be all, I just wanted to show you my appreciation. Muito,
muito obrigado!
Kind regards from Sweden on a rainy day of Spring.
Ullmar, SM5-1252


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