(Araucaria) Clandestinos na QRG - Um perigo ao radioamadorismo brasileiro.
Felipe Ceglia - PY1NB
felipeceglia2 em gmail.com
Quinta Março 4 11:12:51 BRT 2010
Alisson,
Isso nao é novidade. Começou com os transverteres na faixinha de 40m, depois com
os 706. No final das contas fica cada vez mais fácil dos irmaos caminhoneiros
operarem. Agora já tem uma espécie de steppir movel, onde dá pra falar, os caras
falam.
Brasileiro não é uma raça que sabe ser chamado à atenção. Se a gente partir pra
grosseria, a gente perde. Em muitos dos casos os caras estao proximos uns dos
outros. Não adianta portadorar, jogar sinal digital, cw, xingar nem nada.
Normalmente quando eu vejo alguem na subfaixa de 40m cw, eu gentilmente "bicoro"
na "canaleta" perguntando se o colega copia "prima rio", e entao gentilmente
explico que a QRG é pra uso em telegrafia e tal, que tem uma estação da
xptlândia na frequencia, etc... Entao peço pro cara descer tantos canais, ou
descer pra abaixo de 7000.
Na grande maioria dos casos isso tem funcionado, eu diria umas 90% delas. As
vezes que xinguei, esculhambei, e fiquei chamando em cw por cima, nao deu em nada.
73,
Felipe - PY1NB
Alisson PU5AAD wrote:
> Hoje a tarde tive uma grande surpresa acompanhada de decepção e um
> sentimento de mau presságio com relação ao futuro do radioamadorismo no
> Brasil.
>
> Como ando aproveitando bem a propagação fantástica que estamos tendo, em
> especial nas bandas de 10, 12 e 15, não raramente de deparei com
> clandestinos operando de 28000 a 28350, algumas vezes atrapalhando a
> recepção de estações de outros países e até outros continentes. Porém
> minha surpresa maior foi hoje ao me preparar para fazer uma chamada em
> RTTY na banda de 12 metros, em 24920 USB. Ouvi borbulho que deixavam
> claro ser de fonia. Passei para LSB e fui adiantando o dial do rádio até
> chegar em 24925, e para meu espanto lá estavam dois clandestinos falando
> tranquilamente numa freqüência destinada a outro serviço e outra
> modalidade. Inocentemente entrei na conversa e pedi a gentileza que
> deixassem a QRG pois estavam atrapalhando outros tipos de comunicação;
> adivinhem o resultado!. Só faltou os caras xingarem minha bisavó. Como
> sou um menino muito calmo e tranqüilo o resultado não poderia ser outro,
> bate boca dos brabos. Quando vi que aquilo não ia resolver nada mudei de
> plano; CQDX em CW em cima dos caras. Com 10 minutos de CQ eles sumiram
> de lá. Relatei esse episódio a um amigo meu e ele me disse com a maior
> naturalidade; Cara, você tem que ver na banda de 30 metros. Não
> acreditei quando ouvi isso, e hoje no começo da noite varri de 10000 a
> 11000 e pude contar 16 estações piratas operando nessa faixa. Como sou
> classe C não fiz nada ali, pois essa banda se não me engano é exclusiva
> para classe A. Depois fiz outra varredura na banda em busca de estações
> licenciadas, e ouvi apenas um CQ em 10.105, ou seja, achei mais (e muito
> mais) clandestinos que radioamadores. Esse episódio me deixou
> profundamente triste e reflexivo até esse momento. Creio que pelo
> simples fato das bandas de 12 e 30 serem pouco habitadas esse problema
> está acontecendo e crescendo o número de ilegais na QRG, mas qual seria
> o problema da falta de movimentação nas bandas? Propagação não é, pois
> em 12 está surgindo muitas estações inclusive japonesas aqui para nós
> com sinais incríveis, e em 30 ouvi uma CQ de uma estação do Caribe. O
> mais lamentável disso tudo é que os clandestinos são brasileiros, e de
> uma forma isso acaba manchando nossa imagem no exterior e no mundo do
> radioamadorismo. Não seria hora da LABRE se unir de verdade, com
> propósitos REAIS a ANATEL para buscarem uma solução para isso?
> Infelizmente a LABRE não vem servindo de outra coisa a não ser de BURO
> de cartões. Pelo menos é essa a imagem que ela vem passando nesses três
> anos que sou radioamador e venho observando. Se estou enganado e mal
> informado, me perdoem.
>
> De uma coisa tenho certeza absoluta, se nada for feito para o incentivo
> ao povoamento dessas bandas, daqui a 50 anos não haverá 20% dos
> radioamadores que existem hoje.
>
> Estive conversando com o Ivan EA1HLO nesses dias pelo Messenger e ele
> disse que na Espanha esse problema foi solucionado com a eliminação das
> classes. Criaram uma única classe e todos puderam operar livremente por
> todas as bandas, respeitando a legislação e um código de ética, lógico.
> Seria querem demais implantar isso aqui no Brasil, onde a maioria é
> completamente contra isso por várias razões (que não passam de desculpas
> esfarrapadas dadas pelo ego). Creio que bastaria liberar ao menos para
> os classe B a banda de 30 metros para fazer um teste, observar se
> aumenta o número de radioamadores por lá. Vejam que esse problema se dá
> justamente no segmento da banda destinada a telegrafia e modos digitais,
> tanto em 10, 12 como em 30. Se não ousarem fazer essas experiências e se
> persistirem na elitização de algumas bandas, podem escrever, o
> radioamadorismo vai morrer no Brasil. Quem viver verá.
>
> TKS
>
> _PU5AAD – Alisson Raniere Berkenbrock._
>
> _Imbituba – SC._
>
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