(Araucaria) Clandestinos na QRG - Um perigo ao radioamadorismo brasileiro.

Alisson PU5AAD pu5aad em radioamador.com
Quinta Março 4 00:16:03 BRT 2010


Hoje a tarde tive uma grande surpresa acompanhada de decepção e um sentimento de mau presságio com relação ao futuro do radioamadorismo no Brasil.

Como ando aproveitando bem a propagação fantástica que estamos tendo, em especial nas bandas de 10, 12 e 15, não raramente de deparei com clandestinos operando de 28000 a 28350, algumas vezes atrapalhando a recepção de estações de outros países e até outros continentes. Porém minha surpresa maior foi hoje ao me preparar para fazer uma chamada em RTTY na banda de 12 metros, em 24920 USB. Ouvi borbulho que deixavam claro ser de fonia. Passei para LSB e fui adiantando o dial do rádio até chegar em 24925, e para meu espanto lá estavam dois clandestinos falando tranquilamente numa freqüência destinada a outro serviço e outra modalidade. Inocentemente entrei na conversa e pedi a gentileza que deixassem a QRG pois estavam atrapalhando outros tipos de comunicação; adivinhem o resultado!. Só faltou os caras xingarem minha bisavó. Como sou um menino muito calmo e tranqüilo o resultado não poderia ser outro, bate boca dos brabos. Quando vi que aquilo não ia resolver nada mudei de plano; CQDX em CW em cima dos caras. Com 10 minutos de CQ eles sumiram de lá. Relatei esse episódio a um amigo meu e ele me disse com a maior naturalidade; Cara, você tem que ver na banda de 30 metros. Não acreditei quando ouvi isso, e hoje no começo da noite varri de 10000 a 11000 e pude contar 16 estações piratas operando nessa faixa. Como sou classe C não fiz nada ali, pois essa banda se não me engano é exclusiva para classe A. Depois fiz outra varredura na banda em busca de estações licenciadas, e ouvi apenas um CQ em 10.105, ou seja, achei mais (e muito mais) clandestinos que radioamadores. Esse episódio me deixou profundamente triste e reflexivo até esse momento. Creio que pelo simples fato das bandas de 12 e 30 serem pouco habitadas esse problema está acontecendo e crescendo o número de ilegais na QRG, mas qual seria o problema da falta de movimentação nas bandas? Propagação não é, pois em 12 está surgindo muitas estações inclusive japonesas aqui para nós com sinais incríveis, e em 30 ouvi uma CQ de uma estação do Caribe. O mais lamentável disso tudo é que os clandestinos são brasileiros, e de uma forma isso acaba manchando nossa imagem no exterior e no mundo do radioamadorismo. Não seria hora da LABRE se unir de verdade, com propósitos REAIS a ANATEL para buscarem uma solução para isso? Infelizmente a LABRE não vem servindo de outra coisa a não ser de BURO de cartões. Pelo menos é essa a imagem que ela vem passando nesses três anos que sou radioamador e venho observando. Se estou enganado e mal informado, me perdoem.

De uma coisa tenho certeza absoluta, se nada for feito para o incentivo ao povoamento dessas bandas, daqui a 50 anos não haverá 20% dos radioamadores que existem hoje. 

Estive conversando com o Ivan EA1HLO nesses dias pelo Messenger e ele disse que na Espanha esse problema foi solucionado com a eliminação das classes. Criaram uma única classe e todos puderam operar livremente por todas as bandas, respeitando a legislação e um código de ética, lógico. Seria querem demais implantar isso aqui no Brasil, onde a maioria é completamente contra isso por várias razões (que não passam de desculpas esfarrapadas dadas pelo ego). Creio que bastaria liberar ao menos para os classe B a banda de 30 metros para fazer um teste, observar se aumenta o número de radioamadores por lá. Vejam que esse problema se dá justamente no segmento da banda destinada a telegrafia e modos digitais, tanto em 10, 12 como em 30. Se não ousarem fazer essas experiências e se persistirem na elitização de algumas bandas, podem escrever, o radioamadorismo vai morrer no Brasil. Quem viver verá.

TKS

PU5AAD - Alisson Raniere Berkenbrock.

Imbituba - SC.
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