(Araucaria) Problemas de RFI em band baixa

pu3hag - h. garcia pu3hag.l em gmail.com
Sábado Setembro 26 20:32:09 BRT 2015


Talvez seja útil dizer que usando um receptor portátil a pilha ou bateria,
pode-se determinar se o QRM/RFI/EMI se manisfesta por irradiação ou
condução pela linha ou rede.
On Sep 26, 2015 19:23, "Barros PY3UA" <py3ua em hotmail.com> wrote:

> Excelente comentário
>
> Enviado do meu iPhone
>
> Em 26 de set de 2015, às 15:55, n4is em n4is.com escreveu:
>
> Oi Pessoal
>
>
>
> Tenho acompanhado vários colegas om problemas de RFI na estação e
> problemas de muito ruído em banda baixa.
>
>
>
>
>
> Ainda ontem conversando com o Atilano ele disse que ai no Sul tem mais
> ruído que no aqui no Norte. Isso é verdade mas o impacto na estação é
> diferente devido as normas de aterramento.
>
>
>
>
>
> Falta no Brasil literatura técnica em português com qualidade para
> divulgar e educar sobre os problemas técnicos mais comuns em um estação de
> Radioamador.
>
>
>
> Vou tentar resumir algo que vai ajudar a todos por ai.
>
>
>
>
>
> Vários conceitos são fundamentais para entender o problema de RFI mas
> também são simples de explicar e usar.
>
>
>
>
>
> Aqui vão eles, é como teorema, se você entender e lembrar deles você
> resolva qualquer problema associado ao mesmo.
>
>
>
>
>
> 1-      A corrente de Rádio Frequência “RF” só circula na parte externa
> do condutor, isso é o efeito película, em frequência alta se usa prata para
> reduzir as perdas na superfície dos condutores e placas.
>
>
>
> 2-      Lei de ohm  a corrente é igual a voltagem dividido pela
> resistência. Mais resistência igual a mais voltagem para a mesma corrente.
>
>
>
>
>
> 3-      Indução magnética, um condutor no meio de um campo magnético vai
> gerar uma tensão ao longo do condutor resultando em uma corrente.
>
>
>
> 4-      Um condutor com uma corrente gera um campo elétrico, o campo
> elétrico pode induzir outro condutor e gerar uma corrente no mesmo, é assim
> que funciona todo transformador ou BALUN. Um primário que gera um campo
> elétrico e um secundário transforma o campo elétrico em voltagem no
> secundário, ai dependendo das perdas magnéticas, potência do primário passa
> para o secundário.
>
>
>
> Somente com os  4 conceitos acima, não esquecendo de nenhum, todos são de
> igual importância, podemos resolver qualquer problema de RFI, retorno de RF
> e ruído em banda baixa.
>
>
>
>
>
> Vamos entender um cabo coaxial, mas antes vamos falar um pouco de linha
> aberta e par transado. Um par trançado ou uma linha aberta de transmissão
> tem só dois condutores. Pelo conceito número 1 , dois fios só tem duas
> correntes, pois só tem uma superfície externa, isso parece logico, mas nem
> tanto.
>
>
>
> Uma linha aberta tem um voltagem de RF entre os dois fios, isso se chama
> tensão diferencial, mas como estamos usando uma antena, tudo se completa
> com a terra ou superfície, pode ser mar de estiver sobre o mar. Portando
> toda a linha de transmissão tem uma voltagem diferencial entre  os dois
> fios. Porem os dois fios tem uma voltagem em relação a terra ou superfície,
> e isso se chama voltagem de modo comum. Ou seja a voltagem entre os dois
> fios e a superfície, (eu não testou falando de fio de terra, isso fica para
> o final), no caso de par trançado como o par está torcido, a voltagem de
> modo comum se cancela, pois em uma volta tem um sentido e na volta seguinte
> tem sentido contrário, se a linha for bem simétrica pode a corrente de modo
> comum se cancela.
>
>
>
> Quando ruído é problema se usa par trançado, cabo de microfone, vitrola,
> cabo de rede, tudo usa par trançado. Linha aberta e par trançado não tem
> problema de ruído / corrente de modo comum.
>
>
>
> Vamos ao cabo coaxial,  o cabo central tem uma corrente na superfície, mas
> a malha ;e um tubo, tem uma superfície interna e uma externa, portanto pelo
> teorema 1, tem uma corrente interna de modo diferencial e uma corrente
> externa de modo comum em relação a superfície e o aqui sim o terra no final
> do cabo.
>
>
>
> 3 corrente existe em qualquer cabo coaxial, isso não é mula sem cabeça, é
> real mesmo e todos temos de lidar com isso. A corrente dentro do cabo é em
> geral produzida pela antena e tem o sinal que a antena quer mandar para o
> rádio ou o sinal que o transmissor quer mandar para a antena. Mas a
> corrente por fora do cabo é sempre um problema sério. Muito mais que se
> possa pensar sem usar todos os conceitos de 1 a 4.
>
>
>
> De o cabo tiver uma abertura as correntes de dentro e de fora se somam e
> ai começa a desgraça. Uma antena direcional de 5 elementos é bem diretiva e
> entrega o sinal limpo para dentro do cabo, já o cabo por fora é uma antena
> vertical que é horrível na recepção. Se permitimos somar as duas correntes
> o resultado fica ruim, não se tem o mesmo rendimento esperado da antena de
> 5 elementos.
>
>
>
> Mas como isso pode acontecer, e acontece muito, muito mais que o
> admissível.
>
>
>
> 1-      Um conector de RF tipo UHF que mais se utiliza no Brasil , tem
> que soldar a malha no cabo, e bem soldada ao redor do cabo, um mal contato
> entre a malha e o conetor destrói qualquer diretividade e gera retorno de
> RF, por isso o conector N é superior ao UHF, a conexão da malha fica no
> anel interno do conector N e não na rosca mecânica que rosqueia no conector
> femea.
>
>
>
> 2-      Qualquer outro ponto de mal contato da malha, a corrente de modo
> comum entra e se soma a corrente vinda da antena. Isso inclui reles abertos
> sem blindagem, chave de antena, e outro trecos que vejo aparecer por ai.
>
>
>
> 3-      Qualidade da malha do coaxial. Isso já parece brincadeira mas ai
> no Brasil tem cabo RGC213/U com 30% de malha. Isso uma enganação, quando o
> cabo é novo a folha de alumínio ajuda um pouco, mas um poucos meses oxida e
> alumínio oxidado é isolante, outros cabos ficam preto de oxidação, também
> um problema sério. Usar esses cabos é garantir problemas em um ano ou menos.
>
>
>
> Em frequência baixa o problema e mais complicado 10m, 20m, 30m, out mesmo
> 40m de cabo são medidas comuns para qualquer antena em uma estação de
> rádio, com uma torre de 10m, ou 20m, é só fazer as contas do comprimento do
> cabo até o rádio. Esse comprimento também é o mesmo que uma antena vertical
> para 40m, 80m, ou 160m, portanto sinal do lado de fora da malha é muito
> forte e capta todo o ruído local pois como sendo uma vertical recebe muito
> bem com ângulo baixo, e chupa todo ruído local para a conexão do rádio com
> a terra.
>
>
>
> Quando a corrente de fora do cabo chega no Radio, temos que usar a lei de
> Ohms, a voltagem vai depender da resistência do cabo que conecta o rádio
> com a terra. Se ai estiver ligado o neutro que normalmente chamamos de
> terra , a corrente se divide entre os dois, e a voltagem resultante se soma
> ao sinal que vem da antena, por acoplamento entre dois circuitos de modo
> comum.
>
>
>
> Portanto se não tiver cuidado com a blindagem do cabo, conector que
> qualidade, e um terra de baixa resistência para RF (fita de cobre e não
> alguns metros de fio #14), o sinal na entrada dor radio tem o sinal da
> antena mais o sinal da malha e mais o sinal que vem pela rede elétrica.
>
>
>
> Ai outro problema que usamos os conceitos 3 e 4, um fio paralelo ao outro
> passa a mesma corrente de RF entre a superfície, o fio de neutro mesmo que
> não conectado passa sujeira para o fio de fase da rede elétrica, se isso
> não for conectado corretamente ainda forma um loop entre o aterramento do
> rádio e o da energia elétrica, normalmente conectado na entrada do relógio.
>
>
>
> O neutro da rede deve ficar longe do fio de terra da estação, embora os
> dois tem que ficar ligado a um mesmo ponto de aterramento ou barra de
> aterramento no chão, eles não devem formar um loop pela casa e terminar no
> rádio.
>
>
>
>
>
> Aqui no Norte,  se aplica esses conceitos e o neutro e o terra da estação
> se liga em um só ponto. Verdade que também se usa muito filtro de linha e
> toroides como choque de RF na estação toda.
>
>
>
> Uma pratica que não é opção e sim mandatório, pelo conceito 1, é aterrar
> bem a torre e passar os cabos, todos os cabos por dentro da torre,
> lembre-se que a torre como um condutor a RF fica na face externa da torre,
> passar os cabos por dentro diminui muito a corrente de modo comum por RF no
> lado de fora dos cabos, aterrar os cabos na saída da torre e entrada da
> estação  também não é uma boa sugestão, é um necessidade técnica.  Conceito
> 3 e 4, um cabo passando ruído para o outro uma caixa passando ruído para a
> outra, isso não se pode evitar mas se pode reduzir muito com ligações
> curtas e com fita de baixa resistência a RF, fita e não fio.
>
>
>
> Na estação todas as caias devem estar ligadas a uma barra de terra, 6”
> pela extensão da mesa, tudo com malha de ½ polegada, pode tirar de cabo
> RG213 e fazer malha chata para ligar tudo no terra. Com tudo ligado só um
> cabo liga tudo no terra evitando loops.
>
>
>
> Esses conceitos são básicos, e pouco divulgados, pois tudo funciona sem
> eles, mas faciona muito mal!! e o resultado em frequência baixa é mais
> afetado que em 28 MHz, sem poder comparar não se sabe o que se está
> perdendo.
>
>
>
> Espero ter ajudado
>
>
>
> 73
>
> JC
>
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