(Araucaria) Labre, CW, Representatividade e Finanças.

Marcelo Cabral py1kr.marcelo em gmail.com
Segunda Maio 27 12:06:31 BRT 2013


Olá pessoal, bom dia! 

 

Agradeço antecipadamente aqueles que conseguirem ler a mensagem até o fim. 

 

É um tema complexo que infelizmente não tenho condições de resumir o meu
ponto de vista em poucas linhas sem correr o risco de ser leviano ou
desprezar a lucidez. Não sou um profundo conhecedor da situação da Labre –
RJ para poder falar de temas como as suas finanças, mas em função de fazer
parte da diretoria da CRAN tenho um laço estreito com a liga, por ser esta o
“benchmark” para qualquer agremiação radioamadorística de pqueno porte, como
a CRAN.

 

Dos problemas que enxergo que podem ser resolvidos com o fim da exigência do
CW:

 

1 – O Estado do Rio de Janeiro (não sei os demais) tem um enorme “backlog”
de radioamadores classe C inscritos na fila da Labre para o exame de
promoção à classe B que não conseguem fazer a prova dado a um trâmite
burocrático que envolve a aplicação da prova de CW. Para a aplicação das
provas de CW há a necessidade da renovação anual de um convênio entre a
Labre e a Anatel (Anatel fiscaliza e Labre aplica – é o que o Márcio PY1RJ
faz há anos) que infelizmente, a exemplo do ano passado, só é homologado lá
pelo sexto mês do ano. Ou seja, em 2012 e 2013  no RJ, só irão ocorrer
exames de promoção para classe B dos meses de Junho a Dezembro; exatamente
como no ano passado. 

 

Como se já não bastasse a curta janela para aplicação de provas, pelo que me
é dito pelo Jacson e pelo Paulo, a Labre sempre envia a lista de todos os
inscritos (através da liga) para o exame de CW à Anatel que por sua vez
marca sempre em torno de 40 candidatos por ocasião (20 no período da manhã
20 no período da tarde), o que é insuficiente para atender à demanda. 

 

2 – A exigência do CW é proveniente de um período em que os equipamentos não
eram capazes de transmitir voz ou dados, quando fazia sentido exigir que o
pretenso radioamador tivesse condições de estabelecer comunicação através do
seu equipamento. Sinceramente, depois que os equipamentos obtiveram a
capacidade de transmitir e receber voz e dados (RTTY é do tempo da
vovozinha) essa exigência tornou-se obsoleta (a exigência – não o modo).
Basta um passeio pelos 7 e 144 Mhz, com um manipulador para constatar que
grande parte dos Radioamadores classe A e B não mantiveram nenhum vínculo
com a prática do CW (nem mesmo a mais remota lembrança) apesar de terem um
dia, sido aprovados no exame. 

 

A exigência do CW hoje, não acrescenta absolutamente nada à qualidade do
radioamadorismo nacional, nem sequer fomenta a prática de CW o que imagino
deva ser a principal finalidade dessa regra. Os 5 PPM’s exigidos não obrigam
ninguém a praticar CW o suficiente para aprender e praticar de fato o modo,
basta decorar a sequência de pontos e traços de cada letra e número que com
um pouco de calma e concentração será considerado apto à promoção no exame. 

 

Meu ponto de vista é que se o CW for suprimido do conteúdo do exame de
promoção de classe, mas em contrapartida as exigências de Aptidão Ética
(principalmente), Técnica e Elétrica forem incrementadas com questões
discursivas ou com questões omissas (conteúdo das questões não divulgado
abertamente) isso certamente contribuirá para a formação de Radioamadores
melhor preparados, inclusive para diminuir os riscos oferecidos pela prática
do Hobbie, fatos que são diuturnamente ignorados, mas que vão desde uma
simples queimadura durante a soldagem de um conector ao risco de um
incêndio, à queda de uma torre ou de um telhado (toda hora acontece com
alguém) por falta do equipamento de proteção e sua correta operação,
eletrocução, e principalmente a instalação e operação das antenas em
desacordo com a relação de Frequência, Potência, Altura em relação ao solo e
distância de Habitações, o que expôe não apenas a vida do Radioamador, mas
também a vida de terceiros (seus entes ou não) à radiofrequência.

 

A troca de classe não envolve apenas acesso a novas bandas, mas também o
estabelecimento de maiores níveis de potência de operação. 

 

3 – Sobre as finanças da Labre, entendo que o Radioamador Classe C também
esteja apto a fazer parte da liga, como previsto no em seu estatuto, mudar
esse cara para Classe B ou A não vai mudar a sua consciência coletiva. De
forma que mais importante do que criar mecanismos para locomover esses
radioamadores de classe no intento de agradá-los para que façam parte da
Liga é entender o que e sob quais alegações e argumentos justos os afasta
dela.  O cara que diz que não faz parte da liga porque não é Classe A, B ou
não pode falar em 40 metros, é uma alegação incoerente, esse cara não vai
ser Radioamador nem se a Anatel “der” uma licença Ilimitada para ele operar
modos, faixas e potências experimentais... muito menos associado à Labre,
nem se eu pagar do meu bolso a sua mensalidade! 

 

Se eliminarmos hoje o CW baseado nessa alegação, podemos assumir uma posição
de vanguarda e eliminar também a Radioeletricidade, afinal, poucos são os
que ainda tem alguma intimidade com um ferro de solda e um multímetro, os
equipamentos de hoje já vêm todos prontos, os cabos crimpados ou soldados,
tudo automático, é tudo “Plug & Play” !!! Quem sabe, mais uns 5 ou 10 anos e
a gente elimina até o formulário 14, a necessidade de licença... Vamos usar
nomes de estação ao invés de indicativos: QRA Bruxo, Mc Gaiver, Gordo,
Careca... Estação Enterprise, Cometa, 18 Rola Rola, Luz vermelha... 

 

Meritocracia é um conceito oportunamente ultrapassado quando se trata dos
direitos alheios, mas sempre interessante quando trata dos nossos próprios
direitos.

 

Crucial para que as contas da Labre sejam viradas hoje, é o entendimento por
parte de seus gestores de que com o fim da obrigatoriedade da associação a
Labre deixou de ser um Sindicato e passou a ser um Clube, e como tal precisa
oferecer serviços e recursos que incentivem a vinda dos pretensos associados
até o seu seio. O Bureau é um exemplo disso, mas só atinge uma fração
específica dos Radioamadores, em geral dexistas, para os quais o serviço de
bureau proporciona um decréscimo nas despesas com Correios. As repetidoras
também deveriam ser, mas como poucos tem o hábito de colaborar com a
manutenção do equipamento alheio, o custo acaba ficando todo por conta da
Labre, e olha que pela lista que o Jacson passou há pouco tempo o número de
repetidoras da Labre RJ é no mínimo respeitável... O modelo precisa ser
revisto, a exemplo do que vem ocorrendo com a PY1LFC entregue à gestão da
CRAN en Nilópolis e a PY1LAH entregue à CRABP pode ser um caminho para a
expansão das áreas cobertas por reptidores de 144 Mhz no estado e também a
desoneração da liga em sua manutenção, transferindo-as m regime de comodato
a essas agremiações que assumem o ônus da manutenção local.

 

Eu poderia citar um sem fim de coisas que a “Labre” poderia fazer, como
cursos de eletricidade, ativações expedições, excursões para encontros e
Fenarcon, demonstrações... Mas tomar parte na diretoria da CRAN está sendo
uma grande escola, e muito rapidamente entendí que sugestões, idéias e
soluções todo mundo tem, aos montes. Todos querem que a agremiação local ou
a Liga faça tudo, mas esquecem-se de tomar parte em seu quadro para que isso
possa acontecer... Poucos Radioamadores no RJ cedem um pouco do seu tempo
para colaborar ou participar das atividades da Liga, ou para fomentar o
engrandecimento do Radioamadorismo no cenário local. Tudo o que a envolve a
liga, por exemplo, aparecem apenas alguns nomes, sempre os mesmos: Hamilton
e Márcio relacionados ao ensino de CW, Júlio e Ângelo em atividades
Escotistas e Ativações de Emergência, Paulo e Jacson para tudo! Falta gente
para colocar a mão na massa, falta gente para subir no morro e cuidar de
repetidora, falta gente para organizar o bureau, falta gente para pegar um
dia da semana e ir dar uma aulinha de técnica e ética, dar uma aulinha de
eletricidade... Falta gente para contribuir ativamente na formação de
melhores radioamadores, todo mundo joga essa responsabilidade na Liga, como
se a Liga fosse um ser alheio com poderes ilimitados, ou funcionários
remunerados para cuidar somente de atividades radioamadorísticas. Não é! A
liga deveria ser todos nós, a Liga reflete quem nós somos, como nos
portamos, a Liga abandonada só reflete o quanto nós somos desleixados com o
nosso hobbie. Com a Liga enfraquecida, é fácil, qualquer problema é só
colocar a culpa na Liga. A Liga hoje são 6 pessoas para cobrir o estado
inteiro, é como um vizinho que paga um carroceiro para tirar o entulho da
sua porta... A sua calçada está limpa, mas Deus sabe lá para onde vai aquele
entulho... Mas o importante é que não é mais problema seu, afinal, o entulho
já não está mais na sua porta. 

 

4 – Sobre a representatividade da Liga, é o maior desafio que ela enfrenta,
o de carregar a responsabilidades nos moldes de entidade de classe com
receita em formato de clube. De uma forma que no meu entendimento uma
iniciativa como essa, antes de ser levada à apreciação da Entidade
reguladora (Anatel), ou à Presidência da República através do Ministério das
Telecomunicações que é a quem cabe de fato as determinações sobre a
regulamentação do serviço de Radioamador em solo Brasileiro deve passar por
uma consulta entre os associados ativos das Labres Estaduais para que
componha o parecer final da Labre Central e assim, representar, de fato, os
interesses dos Radioamadores como reza o estatuto da Liga. 

 

Aliás, acho mais corente e produtivo focarmos em levar em frente o PL
5320/2009 que está parado na CFT:
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=43664
5

 

Marcelo – PY1KR

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