(Araucaria) Sobre o papel da Labre e a crise da Classe C

Paulo Henrique Lima paulohl em gmail.com
Domingo Junho 9 12:36:23 BRT 2013


Caros amigos do Grupo Araucária,

Só agora encontrei um tempo para opinar sobre a polêmica declaração da
Labre - RJ sobre a ascenção de classe no Radioamadorismo brasileiro.
 Primeiro devo dizer que me classifico como um Classe C veterano, ainda que
isso não sirva para nada.  Eu começo na faixa do cidadão nos anos 80 e,
naquele tempo de excepcional propagação fiz muito DX, todos os continentes
com uma antena vertical e 25 watts em SSB.  Isso entre os meus 13 e 16 anos
(PX1 C 5531). Em seguida a vida fica mais dura, logo comecei a trabalhar e
estudar e também a faixa do cidadão ficou muito desorganizada, muita gente
com alta potência. Acabei me afastando.

Voltei ao rádio como Rádio escuta com um Sony ICF - SW7600G que tenho até
hoje e vinha, silenciosamente, acompanhando a atividade do HF, planejando
minha volta. Consegui encontrar tempo e possibilidade de investimento só em
2006, quando me habilitei Classe C. Mas o sonho de montar uma estação
minimamente capaz de DX só se realizou em 2007 quando me mudei do Rio de
Janeiro para Santarém, Amazônia brasileira. Voltei a morar em casa e ter
algum espaço para antenas. Logo retomei uma atividade regular e me
atualizei com tanta coisa disponível com a Internet, modos digitais e
várias ferramentas que auxiliam a operação e o controle da atividade DX.
 Daí começa mesmo a questão que gostaria de contribuir no debate.

Ainda em 2007 procurei a Labre do Pará para me filiar, até então era
filiado a Labre do Rio que vivia profunda crise. A Labre Pará já não vivia
mais profunda crise, simplesmente não vivia mais ... e segue insepulta.
 Procurei a Anatel em Belém(*) para mudar meu indicativo para a oitava
região e me inscrever para o exame para a Classe B.  Animado, estudava CW
sempre que possível e me exercitava ouvindo nas frequências dos iniciantes.
Fiquei amigo da Dona Benedita da Anatel de tanto que eu ligava para ela.  A
Anatel no Pará, não sei nos outros Estados, não se comunica por email, só
poderia saber se tinha prova se ligasse ou mandasse um ofício.  De 2007
para cá parece que houve uma prova para Classe B que a minha "amiga" Dona
Benedita se esqueceu de me avisar ou eu não liguei em data próxima.  Com
sugestão da própria Benedita da Anatel entrei em contato com a Anatel do
Estado do Amazonas, mais ou menos a mesma distância de Santarém até Belém.
 Chegaram a ligar perguntando se eu confirmava meu interesse mas a prova
parece que não se realizou (2012).

Tendo contado toda essa triste história acho que a Labre do Rio atendeu a
um chamado de muita gente mas errou na estratégia.  Não chegaríamos a esta
discussão se as provas fossem aplicadas pelo menos anualmente.  A Labre do
Rio ou qualquer outra inclusive a nacional deveria é ser mais dura com a
Anatel.  Oficiar e divulgar na imprensa essa situação vexatória. O Brasil é
signatário de acordos internacionais de gestão do radioamadorismo e não
está fazendo a sua parte: oferecer condições para o desenvolvimento dos
rádio amadores!  A(s) Labre (s) deveriam denunciar essa situação às demais
organizações nacionais e internacionais.  Deveria provocar o Ministério
Público em caso de não cumprimento ou de resposta não resolutiva da Anatel.

A(s) Labre(s) não podem permitir que o radioamadorismo brasileiro seja
tratado como a última prioridade da Anatel, o que não tem importância, o
que não gera recursos e que não atende aos interesses dos mais vultosos da
economia brasileira como é o mercado das comunicações.  Estamos no atraso
dessa discussão A e B x C por causa disso e não por que discordamos das
regras. Eu sabia desde o início que teria de fazer as provas e quero
fazê-las mas, não me oferecem as provas!  Que se crie um forma de aferição
à distância. Tecnologia existe, o que não existe é vontade política por
parte da Anatel. E temos que dizer que a(s) Labre(s) estão vacilando em
exigir da Anatel que assuma sua responsabilidade e faça a gestão
administrativa da Serviço de Radioamador como deveria ser feito, com provas
para todas as classes. E por último, não venham me dizer que a Anatel não
tem recursos.  Eu acompanhei a Cúpula Mundial sobre a Sociedade da
Informação e alguns encontros internacionais sobre a Governança da Internet
e monitorei, como observador da sociedade civil, a capacidade operacional
da Anatel e sei como paga bem e dá todas as condições para seus
funcionários e colaboradores no Brasil e no exterior. Condições melhores do
que os quadros das Nações Unidas recebem.  E será que a Anatel não tem como
pagar diária e passagem ou pró-labore para um radioamador acompanhado de um
funcionário para aplicar um exame de CW?

Labre(s), o papel de representação de qualquer grupo de interesse é fazer
cumprir o que esse grupo tem direito. É preciso fortalecer a ação sobre a
Anatel para que o desenvolvimento do radioamadorismo no Brasil seja
re-estabelecido, depois, façamos um grande debate nacional sobre o CW como
ferramenta de aferição de conhecimentos para ascenção de classe no
radioamadorismo.

Um abraço fraterno e 73,

Paulo Lima
PU8YPL


(*) De Santarém a Belém são 800 km em linha reta, a milha de avião mais
cara do Brasil e a opção são dois dias e meio de barco.
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