(Araucaria) RES: Flashes das tragédias.

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Caro amigo Leo:
 
O seu relato, se de uma lado retrata a tristeza pelos efeitos da calamidade, por outro nos enche de orgulho pelo desempenho voluntarios de colegas nossos radioamadores que no momento onde são necessários aprecem e orgulham toda a nossa comunidade.
Por favor leve o nosso abraço a estes bravos companheiros e a admiração de todos nós.
Um abraço
Atilano

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De: araucaria-bounces em araucariadx.com [mailto:araucaria-bounces em araucariadx.com] Em nome de Leonardo
Enviada em: segunda-feira, 30 de dezembro de 2013 00:42
Para: Araucaria DX Group
Cc: 50MHz-BR em yahoogroups.com
Assunto: (Araucaria) Flashes das tragédias.



Olá amigos.

Todos certamente sabem do momento difícil que vivemos no Espírito Santo.

Tristes cenas mostradas à todos instantes nos telejornais, na internet, em fotos, em testemunhos.

 

Neste contexto, uma atividade que sempre se voluntaria em ajudar somos nos, os radioamadores.

Por atividade temos a curiosidade, a vontade que acaba sendo semeada em nós de pesquisar, de experimentar, de ouvir alguém comentando uma inovação e irmos todos nós conhecer.

Fazemos rádios, amplificadores, antenas, equipamentos dos mais variados e para todos os fins que redundem em comunicação, seja para que seu sinal chegar melhor na esquina ou para chegar aos mais afastados rincões do planeta.

Por gostarmos tanto de nos comunicar, acabamos fazendo isto, de certa forma, bem feito e com facilidade. 

Dizia minha saudosa avó que "quem corre por gosto não se cansa" e assim o é no radioamadorismo, onde fazemos por gosto, fazemos melhor.

 

Estes mesmos dias em que a catástrofe se abatia no Espírito Santo, me lembrei de uma catástrofe de dimensões bíblicas, talvez das maiores que se abateu entre nós seres humanos na história recente que foi o Tsunami de 2004 na Ásia.  

Quis Deus, seja ele de qual crença for, Jesus, Alá, Krishna, Buda, YHWH, ou algum outro, que naquela ocasião, houvesse a coincidência de uma expedição de radioamadores às Ilhas Andaman e Nicobar. 

Quem esperou durante anos para fazer contato com este grupo de Ilhas, bem sabe o quanto o Governo Indiano resiste em permitir operações de radioamadorismo naquele local. 

E certamente foi um Deus quem os colocou ali, naquelas Ilhas e naquele momento, pois foram elas assoladas pelo Tsunami de 2004, por sua localização à Noroeste do epicentro que ocasionou esta tragédia, potencializando o desastre. 

Não fossem os radioamadores que estavam lá, talvez a tragédia teria sido maior, pois foram exatamente eles que mantiveram as comunicações das Ilhas com a Índia. 

 

Lembrei também do que passaram nossos irmãos Catarinenses em 2008 e 2011, e Cariocas em 2011, onde a ajuda de radioamadores foi novamente imprescindível.

 

As recordações da Dona Alda no socorro à Santa Catarina e dos radioamadores do Rio de Janeiro; todos irmanados na corrente de ajuda humanitária às vítimas das enchentes, nos trouxeram grandes aprendizados. Pudemos acompanhar o sofrimento de nossos irmãos e torcer para que os radioamadores pudessem, de alguma forma, auxiliar nestes socorros, o que sempre nos enche de orgulho.

Orgulho este em ver os esforços dos radioamadores cariocas ser coroado com o prêmio Antena de Ouro, em Bad Bentheim, Alemanha, reconhecimento mais que merecido, recebido pela ROER, através de nosso amigo Fábio - PY1ZV, um dos protagonistas dos excelente serviços prestados na tragédia que se abateu em 2011 na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro.

 

Este ano, mais uma vez as chuvas castigaram e desta feita, no Estado do Espírito Santo. 

Por também ser um Estado de geografia acidentada, como o Rio de Janeiro, em vários Municípios na Região Serrana, as chuvas quando torrenciais como neste Dezembro de 2013, trazem prejuízos e vidas ceifadas.

 

No fim de semana passado, tomei conhecimento da mobilização dos radioamadores do Espírito Santo para auxiliar nas comunicações da Defesa Civil (que acionou o Renan Almeida - PU1ARE), com alguns Municípios que encontravam-se totalmente ilhados, seja pelas enchentes, seja pela falta de comunicação.

 

Me envolvi com as operações de socorro às vítimas das enchentes e pude presenciar o quanto os radioamadores daqui foram bravos.

Presenciei um radioamador novato, André Bernardo, ir para o Município de Itaguaçu, onde as enchentes matou várias pessoas, colocando aquele Município no ar, restabelecendo a tênue comunicação e passando-nos QTCs de suma importância para salvar vidas. 

Presenciei um radioamador novo ir para Santa Leopoldina, Luiz Paulo, e ficar 03 dias com a roupa do corpo, sem dormir, para trazer auxílio àqueles que necessitavam daquele único canal para suas demandas. 

Sou testemunha de outro radioamador que foi para Itaguaçu, Renan Almeida, coordenador de toda esta campanha dos radioamadores espírito-santenses, passando os dias 24 e 25, de Natal, longe de sua família, mas dando um grande exemplo para seu filho que ficou em casa.

Sem que haja qualquer preconceito ou desmerecimento, quero ressaltar que estes três radioamadores que cito acima são Classe C, como a maioria dos radioamadores que estiveram presentes nesta operação, mostrando competência e galhardia e conhecimento que os credencia à estar na Classe B ou A.

 

Confesso que não esperava viver momentos de tanta ansiedade, de tristeza e de emoções como vivi e tenho certeza de que quem nos pôde acompanhar em 7.145 KHz., também sentiu.

Nestes mais de 28 anos de radioamadorismo nunca pensei que a voz fria que saía do alto falante de meu rádio aqui em casa ou da Estação montada na Defesa Civil, pudesse proporcionar o que senti. 

Certamente em todos estes anos nunca fiquei tão triste no rádio, como quando soube que uma moça grávida, quase para dar à luz, que foi vitimada por um desmoronamento, e que havia sido socorrida pela aeronave, não resistiu aos ferimentos. Foi um momento de muita dor.

Dor esta que permaneceu e que aumentava cada vez que tínhamos notícia de mais uma vítima desta tragédia.

 

Hoje, com sol e passados alguns dias desde que as estações de radioamadores avançadas e da sede da Defesa Civil do Espírito Santo foram desativadas, podemos refletir sobre o que ocorreu.

Como bem disse o Renan, temos que nos preparar para situações de emergência como esta. 

Apenas o Renan participou de treinamento para agir em caso de emergência como este, mas a necessidade fez com que todos tivéssemos que aprender no calor da situação, quando mais se necessitava.

 

Passados estes dias, mas ainda com várias cidades em situação calamitosa, me emociono cada vez em que vejo alguma reportagem, pois acompanhei este sofrimento de perto.

Agora à noite, vendo uma reportagem no Fantástico, não me contive e chorei, em ver as entrevistas.

Não pude me conter ao ver as imagens das cidades que, dias antes, escutávamos a voz do Luiz Paulo, Kennedy, André, Renan, Divino, Carvalho, e não imaginávamos o cenário de destruição, de tristeza, de perdas, de desolação. São imagens que nos dão a dimensão do que se abateu sobre estas cidades, sobre este povo, numa tragédia que coloca à todos na mesma situação, como no testemunho de um entrevistado.

Me emocionei também quando, na reportagem, mostrou aquilo que todo capixaba, todo espírito-santense sabe: a solidariedade.

Eu que não sou capixaba de nascimento, mas que amo este Estado que me adotou, me sinto orgulhoso em testemunhar a união desta gente para levar àqueles que perderam tudo, ao menos a dignidade para recomeçarem suas vidas.

 

Quero agradecer aos amigos radioamadores do Espírito Santo, Kennedy, Dilmar, Paulo Mello, Werther, Henrique, Renan, Luis Paulo, André, Divino, Carvalho, que colaboraram neste momento de crise, e parabenizá-los pelo belíssimo trabalho. Grato da mesma forma ao Reinaldo, Jackson, Guilherme, Joedir, que nos apoiaram.

Certamente cometemos erros, mas o importante, que foi ajudar à Defesa Civil, foi feito com louvores.

Tenho orgulho de ter feito parte desta equipe.

Meu respeito e admiração à todos vocês.

BRAVO! 

 

PP1CZ - Leo.

 



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