(Araucaria) Arroz com Feijão e "O beco".
Leonardo
pp1cz em terra.com.br
Quarta Outubro 24 23:56:18 BRST 2012
Boa noite amigos.
Começamos nesta semana uma discussão muito saudável para nossa atividade,
que é a fiscalização de nossas Bandas, diuturnamente invadidas por todos os
tipos de piratas, clandestinos.
Serviços privados, assuntos polêmicos, ameaças, palavrões. Todos nós já
presenciamos, em maior ou menor número em nossas Bandas.
Uns defendem que devemos fiscalizar, outros que esta não é nossa atribuição,
e nossa Nau continua à deriva.
Esperar que a Anatel tome providência? Tomarmos para nós esta
responsabilidade?
O que devemos fazer afinal?
Cruzar os braços e não fazer nada é o maior dos erros na condução deste
problema que enfrentamos.
Quantos de nós (me incluo) já não perdeu um QSO importante, um DX, por
invasão de nossas bandas, ou pela intransigência de quem se acha dono da
frequência?
Nos é conhecido o caso de um radioamador siciliano, execrado em todo o
mundo, que se apodera da frequência de 14.195 KHz., e obriga todas as
DX-Peditions e operações à não usarem mais esta que era conhecida como a
frequência internacional de chamadas em 20 Metros, e tudo isto por puro
egoísmo e intransigência de apenas um cidadão, radioamador, usando de seus
direitos, comente-se, mas extrapolando a ética e o princípio de amizade e
cavalheirismo que nos norteia.
Existem casos em que não há solução simples. Exigem muito de todos, e não
mais do mesmo.
Conduzir esta situação que ora todos nós passamos, não será tarefa fácil.
Quantas tentativas foram feitas, durante décadas, exigindo-se fiscalização
do extinto Dentel e da atual Anatel, e nada foi feito?
Francamente, um País que não se preocupa com a segurança, saúde e educação
de seus cidadãos, que não cuida de suas crianças, que não preserva suas
florestas, consideradas uma das últimas riquezas naturais do planeta, que
não fiscaliza as fronteiras, por onde passam armas, que matarão seus
cidadãos.
Um país que não consegue punir infratores, que não consegue colocar na
cadeia marginais, que briga na tentativa de julgar desonestos que roubam o
povo.
Como queremos exigir deste País uma fiscalização das frequências alocadas ao
Serviço de Radioamador.
O que o radioamadorismo representa para o País, comparativamente aos graves
problemas que temos em todas as esferas?
É um direito nosso. É um dever do Estado.
Existem funcionários públicos com estas atribuições, Mas por que não
fiscalizam?
Difícil responder.
O que ora se propõe não é que passemos a ter esta responsabilidade, mas
antes de tudo é termos este direito. Sim um direito que temos em fiscalizar
nossas frequências. Quem assim o desejar, que o faça, quem não desejar, por
achar que é uma obrigação da Anatel, e o é, que então não fiscalize.
O que eu faço para evitar esta situação?
Uso as frequências.
Simples e eficiente.
Lembro muito bem de há uns 04 anos aproximadamente, eu passava dias e dias
para tentar fazer um único QSO em 10, 12, 15 ou 17 Metros, algumas das
Bandas mais silenciosas e boas para DX que temos alocadas.
Passavam-se dias, em que eu tentava, fazia CQ, escutava, virava o VFO pra
cima e pra baixo e nada.
Não me lembro de ter passado por uma baixa propagação tão forte quanto a que
percebi entre os Ciclos 23 e 24.
Cogitava-se, até, que não teríamos o Ciclo 24, ou que este seria um fiasco.
Bom, eis que chega o Ciclo 24.
Excelente em algumas Bandas, ruim em outras (não escutei ou trabalhei uma
estaçãozinha sequer de Okinawa JA6, na Banda de 6 Metros, o que era diário
no Ciclo 23).
Mas de todo, o Ciclo tem se mostrado generoso.
Ora, se tanto reclamei das vacas magras, o que eu vou fazer agora, na época
de chuvas?
Vou plantar, pois se não!
Eu sou radioamador por que gosto de comunicação. Adoro DX, Contestes, mas
gosto também de fazer CQ numa frequência, ver o número de radioamadores que
me contestam aumentar e fazer um pequeno pile up. Ah, como é gostoso. 12 e
17 Metros desde 2010, perdi as contas de quantas vezes criei um pile up
nestas Bandas. Que gostoso, francamente.
Faço meu “Arroz com Feijão”. Dou à vários radioamadores em todo o mundo, a
oportunidade de trabalhar um brasileiro em algumas Bandas, principalmente em
12 e 17 Metros.
Sim, ainda existe demanda por PY nestas Bandas, não duvidem, seja em CW,
Digitais ou SSB.
Gosto destes QSOs. Gosto de receber os QSLs destes QSOs, e agora os créditos
no LoTW.
Mas o que gosto mesmo, é do Arroz com Feijão de todos os dias, um CQ, um bom
número de QSOs com europeus, asiáticos, etc.
Faço isto para que não me arrependa, num futuro não sei quando, na hora em
que o Ciclo Solar 24 se for, eu não ficar à ver navios e me lamentar: puxa,
perdi a oportunidade de fazer tantos QSOs, de trabalhar tantos Países em
tais Bandas, de fechar meu DXCC, melhorar meu escore, ter outros Diplomas,
etc.
Depois que o Ciclo Solar tiver ido embora, não adianta lamentar, o que
restará é esperar o Ciclo 25.
Com estas práticas, se cada um de nós fizesse isto, talvez não expulsemos
estes infratores de nossas frequências, mas que os dificultaremos, não tenho
dúvidas.
Entre ocupar uma Banda barulhenta, cheia de piados de CW ou de estações com
sinais fortes em SSB (e nossas antenas são melhores do que a deles), e outra
em que não há problemas, a opção será clara.
Qual Banda eles passarão á ocupar? Bom, isto será um caso para a Anatel, e
não mais problema nosso.
Não se trata de varrer o lixo para debaixo do tapete, apenas lutar por
aquilo que é nosso, fazendo o mais simples para evitar a ocupação por
piratas: o uso.
Mas talvez, penso, alguns de nós prefira ficar eternamente reclamando da
fiscalização: ... é atribuição da Anatel... é obrigação do Governo... não é
nossa responsabilidade... eu pago o meu Fistel...
Isto me lembra a maravilhosa e eterna frase de Manuel Bandeira: Que importa
a paisagem, a glória, a baía, a linha do horizonte? O que eu vejo é o beco.
Forte 73 à todos, de PP1CZ - Léo.
-------------- Próxima Parte ----------
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