(Araucaria) noite de natal
Dirceu
py5ip em onda.com.br
Segunda Dezembro 12 18:58:41 BRST 2011
NOITE DE NATAL. Por PY5IP ( Dirceu )
Hoje escutei um pouco de música natalina. Me vieram à mente várias coisas de minha infância. Àquela época o natal tinha cheiro...se sabia que se aproximavam as festas de fim-de-ano pelos odores exalados pelas chaminés. Os pães e doces de delicados sabores, os assados com seus temperos mágicos, as tradições presentes, os pinheirinhos enfeitados com peças de chocolate, as velas multicores, as bolas, os enfeites de diverssos formatos, as correntes prateadas, a chuva de prata, os flocos de algodão a imitar a neve. A própria árvore que na maioria das vezes era natural, e se não era, procurava ser o mais perecida possível. Mas, o que mais me impressionava era o clima reinante. Todas as pessoas conversavam cordialmente. O respeito, a alegria que cada um sentia dentro de sí irradiava a todos.
Cada nóz, cada castanha, cada avelã tinha um gosto especial...creio que o gosto da inocência como só uma criança pode sentir. Os presentes nem sempre eram os que nós queríamos ganhar, mas os tempos eram talvez mais difíceis e todos ficavam contentes com meias e suspensórios.
Os risos eram mais expontâneos e as conversas tinham conteúdo. Até as bebidas tinham outro sabor. A ansiedade de esperar a meia-noite, quando realmente "chegava o Natal ". Então todos se saudavam. Haviam abraços honestos em profusão e o que se desejava era realmente aquilo que se sentia pelos outros. Não haviam falsas palavras, havia um só sentimento de ternura e parece que naquela noite todos se esqueciam das agruras.
A família reunida era um toque harmonioso. Eram então servidos os petiscos como o perú, que naquele tempo não era congelado, o champagne com as rolhas de cortiça fazia a alegria dos petizes com o espocar que alegrava os espíritos. Naquela noite, perece que todas as criaturas de Deus queriam estar juntas e viver em harmonia. Todos eram importantes. Os parentes, os pais, os avós, até o gato era acarinhado.
Não havia muita pompa, mas a felicidade interior das pessoas suprimia a falta de um ambiente luxuoso. Ficávamos horas perto do pinheirinho com o ambiente iluminado apenas pelas minusculas luzinhas coloridas. Admiravamos as chamas das velas com sua tênue luz que mais pareciam a luz da alma de cada um. Mais uma vez a história do salvador do mundo era contada por alguém. Nós, as crianças nos entregávamos aos folguedos e os mais velhos ficavam a recordar fatos e pessoas que já haviam partido destas paragens, com palavras respeitosas.
Cada um mostrava os presentes ganhos sem a menor intenção de competir, aquele pouco muito representava para nós. Escutávamos dos mais velhos muitos planos, idéias e sonhos que provávelmente iríamos escutar também no natal vindouro, mas a todos era dada a oportunidade de sonhar e viver no encantamento da noite mais linda do ano.
Reviver, recordar, palavras que andavam sempre juntas, tantas as passagens da vida que todos tinham naquelas horas. Os sentimentos eram expressados de uma forma mais natural, mais expontânea. Podiamos sentir, não nas palavras, mas nos olhares que detinham confiança, fé, esperança, apoio e carinho.
As noites que antecediam o Natal eram mais quentes, porém, generosas nas brisas .Até a natureza dava sua colaboração aos homens. A harmonia existente entre os reinos de Deus e terrestre nos magnetizavam. Ficávamos horas a olhar o presépio que era armado sob a árvore de natal. Na nossa imaginação, um mundo mágico tendo como cenário, uma pequena gruta. Como artistas principais Jesus, José e Maria. Como coadjuvantes os Reis Magos, cordeiros, camelos, vacas, um burrico. Todos no desempenho da nobre função de vigília do pequeno que viria a ser grande, o maior entre os maiores, o menos entendido entre todos. Admirávamos a humildade dos presentes, homens, animais e reis curvados em sinal de respeito e veneração. E nós, em nosso pequeno presépio nos curvávamos também após mais de mil anos.
Hoje esse tempo é passado. Um doce feito de felicidade. Todos crescemos, estudamos, nos tornamos homens e nossa emoções foram ficando a cada dia mais retraídas. Porém duvido que por mais que um ser humano cresça e evolua dissipe de sua alma e coração o espírito natalino. É neste dias que todos nós invariávelmente voltamos a ser crianças, voltamos a ser frágeis e emotivos, voltamos nosso pensamento ao Criador, nos emocionamos e nos damos conta que somos insignificantes quando comparados ao universo. Mesmo que só por alguns minutos isso ocorra conosco, prova que a fôrça mágica do amor ainda não desapareceu por completo de nosso íntimo e que continuamos a ser crianças como já o fomos, apesar de Ter se passado mais uma noite de Natal. Por alguns instantes saímos detrás daquele falso escudo de super-ser que usamos durante o ano todo e nos entregamos as emoções. Então, nos damos conta que ainda somos humanos, que temos capacidade para amar-nos, que ainda existe uma criança dentro de nós, que Deus vive.
Neste momento escuto um sino à distância e ele me diz: "Ainda existe esperança áqueles que tem fé e acreditam na fôrça do amor".
A todos vcs e distintas famílias, desejo um lindo Natal à moda antiga.
Paz saúde e prosperidade!!!
73 de Dirceu PY5IP
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